Plataforma MapBiomas apresenta raio-x da dinâmica de uso da terra no Brasil

01/12/2015

Na última quinta-feira (26), foi lançado em São Paulo o projeto MapBiomas, que vai mapear anualmente a dinâmica de uso do solo e suas transições em todo o Brasil, desde 1985 até os dias atuais. Produzida por uma rede de ONGs, universidades e empresas, a plataforma gera informações e dados inéditos para compreender melhor as transformações do território provocadas por atividades como agricultura, pecuária e expansão urbana, utilizando tecnologia do Google Earth Engine.

Os mapas poderão ser visualizados no portal do MapBiomas, ferramenta interativa onde também estarão disponíveis informações e estatísticas sobre a cobertura e uso do solo para cada ano, em diversas escalas (município, estado, bioma), e também as transições de um ano para o outro. Estão contemplados todos os biomas terrestres (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampa e Mata Atlântica) e três áreas transversais – agricultura, pastagens e zona costeira.

Realizado por mais de 20 organizações, o projeto é desenvolvido em uma plataforma comum, aberta e colaborativa, na qual pesquisadores, especialistas de diferentes biomas e áreas temáticas e programadores elaboram a metodologia, os scripts e códigos de forma interativa. O IDS é um dos apoiadores institucionais do projeto.

Durante o evento de lançamento, foram apresentadas a metodologia e a primeira série piloto de mapas para o período de 2008 a 2015 

pelos coordenadores Tasso Azevedo (Observatório do Clima) e Carlos Souza Jr. (Imazon). Segundo Souza, até agora foram processados mais de 85 terabytes de dados para a plataforma MapBiomas.

O evento ainda contou com a participação da secretária Ana Cristina Barros, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (MMA), Anahita Youssefi, representante da embaixada da Noruega, e André Ferretti, do Observatório do Clima.

Uma das características inéditas da plataforma é que o mapeamento da dinâmica de uso do solo engloba todos o território nacional. Atualmente, há uma grande de informações disponíveis sobre o bioma Amazônia para pautar o controle do desmatamento na região. Isso tem sido fundamental para pautar políticas públicas na região, afirmou Carlos Souza, em entrevista à revista Galileu. “A região amazônica, por exemplo, é bem estudada. Há vários dados governamentais e do terceiro setor sobre ela, e isso tem sido fundamental para entender mais sobre que se passa lá”. Com a plataforma MapBiomas, mais dados estarão disponíveis para todos os biomas.

A melhor compreensão sobre a dinâmica de uso da terra no Brasil pode auxiliar ainda a estimativa mais eficaz das emissões de gases de efeito estufa e melhorar a gestão da ocupação territorial. “Nós podemos ter, através de uma classificação automatizada, um monitoramento de alterações de uso do solo e da cobertura vegetal natural necessário para planejamento regional e para orientação das políticas ambientais do País”, afirmou Marcos Rosa, coordenador do trabalho para os biomas Mata Atlântica e Pantanal.

 

Sobre a plataforma

A iniciativa surgiu para suprir a necessidade de informações atualizadas sobre a dinâmica de uso da terra no Brasil. Atualmente, os dados de mudança de uso do solo em escala nacional são produzidos em intervalos de 5 a 8 anos. “A produção de mapas anuais vai mudar a forma como enxergamos a dinâmica de uso do solo no Brasil e isso vai ser possível aplicando novas tecnologias e ferramentais hoje disponíveis que não existiam a poucos anos atrás”, afirma Tasso Azevedo, coordenador geral do projeto.

Reprodução do site mapbiomas.org

Uma das maiores inovações da plataforma MapBiomas é o uso de processamento distribuído e o trabalho em rede de co-criação, o que permite a produção de mapas de cobertura e uso do solo de forma mais rápida e barata e sem comprometer a qualidade, se comparado com os métodos atualmente aplicados. Os mapas já produzidos por interpretação visual das imagens de satélite por diversas instituições brasileiras como INPE, IBGE e IBAMA, dentre outros, são utilizados como referência para a classificação das imagens.

Os dados gerados pelo MapBiomas poderão ainda apoiar no monitoramento das metas brasileiras de redução de emissões de gases de efeito estufa, nas metas de conservação e proteção da biodiversidade, na implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e em outras políticas relacionadas ao uso do solo.  

O acesso à ferramenta de trabalho e aos dados será aberto, de forma que pesquisadores do Brasil e de fora do país poderão, além de usar os produtos gerados, como os mapas e mosaicos de imagens de satélite, trabalhar na própria ferramenta que gera os dados.

 

Confira outros conteúdos sobre o MapBiomas

Plataforma mostra como os biomas terrestres brasileiros mudaram nas últimas décadas - Revista Galileu

Plataforma mapeia transformações sofridas pelos biomas brasileiros nas últimas décadas - Catraca Livre

Sistema vai mapear mudança de uso da terra em todo o país pela primeira vez - Observatório do Clima

ONGs lançam plataforma para mapear mudanças no uso do solo no país - Agência Brasil 

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