O IDS é aprovado para realizar projeto inovador na Baixada Maranhense com apoio da Caixa Econômica Federal

18/12/2025

A proposta do IDS busca romper com ciclos de dependência econômica e extrativismo predatório, fomentando o uso sustentável dos recursos naturais, a agregação de valor a produtos da sociobiodiversidade e a redução drástica dos impactos ambientais através da gestão eficiente de resíduos e efluentes.

Em um evento de recepção na Presidência da Caixa Econômica Federal em Brasília, nesta segunda-feira (15), o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) anunciou o início do projeto “Economia Circular e Criativa na Baixada Maranhense: Inclusão Socioprodutiva e Sustentável”, representado por seu Diretor Adjunto, Marcos Woortmann. O presidente da CAIXA, Carlos Antônio Vieira Fernandes, destacou que este foi o edital mais competitivo da história do Fundo Socioambiental da Instituição.  

O projeto, com início previsto para meados de 2026 e duração inicial de três anos, é um esforço ambicioso para impulsionar a economia circular e criativa em uma das áreas mais vulnerabilizadas social e ambientalmente da Amazônia Legal brasileira. Visa promover o desenvolvimento humano, dignidade através do acesso ao trabalho e renda, e adaptação climática na Baixada Maranhense, uma das regiões com menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.

A Baixada Maranhense, embora rica em biodiversidade e cultura, é cenário de profundas desigualdades sociais. Os baixos Índices de Desenvolvimento Humano Municipais (IDHM), que oscilam entre 0,59 e 0,64 em localidades como Pinheiro, Peri-Mirim e Palmeirândia, são o eco de uma história onde os direitos e a dignidade dos povos indígenas e dos descendentes de africanos escravizados foram sistematicamente negados e invisibilizados. Pessoas que construíram a riqueza do país foram deixadas à margem, sem acesso à terra, educação, saúde ou saneamento básico. Um legado de racismo estrutural e exclusão. Essa exclusão histórica também se traduz hoje em vulnerabilidade socioeconômica extrema, atingindo cerca de 51% da população local, que vive com menos de R$ 655/mês (IBGE, 2024).

Hoje, essa dívida histórica é agravada pela crise climática. Comunidades quilombolas, ribeirinhos, e pescadores, que por séculos foram guardiões de seus biomas, enfrentam conflitos agrários, o desmatamento e o uso insustentável dos recursos naturais, faces contemporâneas de uma injustiça ambiental que se perpetua há séculos. A resiliência dessas populações, forjada em um passado de luta e adaptação, agora é testada por um futuro incerto, exigindo soluções inovadoras e estruturais. Dessa forma, o projeto do IDS buscará desenvolver cadeias da economia circular, resiliência climática local e planos de adaptação climática, engajando comunidades, valorizando seus saberes e promovendo a interlocução com o poder público estadual e federal .

A presidenta do IDS, Dulce Maria Pereira, foi a coordenadora do projeto, com a equipe da instituição, incluindo a pesquisa de dados e articulação institucional. “Estamos muito orgulhosos de agregar a experiência do IDS à capacidade de nossos parceiros, tanto do poder público quanto da academia, em uma área onde a potencialização dos recursos humanos e naturais é extremamente necessária”, afirmou.

O projeto “Economia Circular e Criativa na Baixada Maranhense” se destaca pela sua abordagem sistêmica, combinando saberes tradicionais com pesquisa acadêmica realizada pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e criando, desenvolvendo e revisitando metodologias diversas. A iniciativa é um marco na construção da democracia participativa e resiliência frente às mudanças climáticas.

É neste cenário de urgência que o Instituto de Desenvolvimento Sustentável (IDS), com o apoio estratégico da Caixa Econômica Federal, abraça esse projeto. É uma proposta de reparação histórica e construção de autonomia, fundamentada nos princípios da justiça climática. A abordagem inova ao integrar a resiliência climática à geração de trabalho e renda digna de maneira intrínseca, transformando vulnerabilidades em oportunidades e capacitando as comunidades a liderar seu próprio desenvolvimento sustentável, valorizando seus conhecimentos tradicionais e sua cultura.

Parceiros