Eleições municipais e pacto pelos recursos hídricos estão na agenda da Aliança pela Água em 2016

19/02/2016

Na última quarta-feira (17) aconteceu a primeira reunião aberta do ano da Aliança pela Água, coalizão que reúne mais de 40 entidades para contribuir com a construção da segurança hídrica em São Paulo, da qual o IDS é membro do Conselho. Neste encontro foi apresentado e debatido o balanço das atividades realizadas ao longo de 2015 e quais foram os aprendizados identificados pelo grupo. Algumas das atividades que se destacaram no ano passado foram: o lançamento do manual de sobrevivência para a crise hídrica, a realização de uma audiência pública com Leo Heller, Relator da ONU para Água e Saneamento, o lançamento do aplicativo #tafaltandoagua e diversas outras reuniões e audiências.

Para o IDS, importantes ações foram desenvolvidas em parcerias, como a pesquisa “Crise Hídrica e a Mídia”, com o IEE/USP, e o projeto de análise de mudanças na cobertura e uso do solo e fragilidade ambiental da região dos mananciais da macrometrópole por meio de processamento de imagens, com o LabGeo/Poli/USP, as quais colocaram a temática da governança da água no centro de sua atuação. Principalmente, pela visão na qual se destaca a convergência dos valores da democracia e sustentabilidade. Esta é uma agenda em que, por natureza, a democracia e a sustentabilidade são chaves para o sucesso.

Para o ano de 2016, a Aliança pela Água debateu que a coalizão não pode pensar e atuar na agenda dos recursos hídricos somente pela perspectiva do cenário de crise, o que se desdobraria numa agenda reativa e conflituosa. É indispensável considerar a escassez permanente da água, sobretudo em ambientes urbanos, e a longo prazo, apresentar uma agenda propositiva.

Dessa maneira, a Aliança pela Água propõe a construção de um “Pacto pela água”, incorporando os valores da “nova cultura de cuidado com a água” (tendo como referência a Fundación Nueva Cultura del água[1]) que esclareça quais são as propostas da coalizão para desenvolver políticas públicas democráticas e sustentáveis para a água.

O ano de 2016 traz ainda a questão das eleições municipais, o que abre uma janela de oportunidade para dialogar e incidir com os diferentes candidatos a cargos executivos e legislativos. O acompanhamento dos acontecimentos relacionados à gestão hídrica da Região Metropolitana de São Paulo demonstra que os governos municipais estiveram quase completamente ausentes dos debates e da atuação para solução do problema. O desafio atual é aproveitar a conjuntura dos pleitos locais para inserir os temas de água e saneamento, buscando construir debates, pactos e compromissos tangíveis para que os agentes políticos ponham em prática.

O  planejamento a longo prazo, a mudança de hábitos e uma gestão mais descentralizada e participativa são indispensáveis para a gestão sustentável da água.

 

(Por Guilherme Checco , pesquisador do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS). Edição: Daniela Ades e Juliana Cibim)

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